
O verdadeiro custo do vinho barato
Douglas AvillinnRecentemente, a revista Wine Enthusiast publicou uma reportagem escrita pela jornalista Christina Pickard , alertando sobre os impactos ambientais gerados pela produção em massa de vinhos de baixo custo, especialmente na Nova Zelândia.
No caso da região de Marlborough, cerca de 62.000 acres — equivalentes a aproximadamente 25.100 hectares ou 35.000 campos de futebol — são ocupados quase exclusivamente por plantações de Sauvignon Blanc . Essa monocultura intensiva compromete a saúde do solo e da biodiversidade, com uso excessivo de herbicidas, pesticidas e supervisão.
Embora existam produtores que mantenham práticas sustentáveis, muitos terrenos são explorados apenas para produção em grande escala, gerando um ciclo prejudicial ao meio ambiente. Soma-se a isso as características do “greenwashing”, onde práticas questionáveis são mascaradas como sustentáveis.
(O mercado de vinhos da Nova Zelândia tem os Estados Unidos como seu principal destino de exportação , movimentando mais de US$ 450 milhões em 2024.)
O movimento no Brasil
Enquanto isso, no Brasil, cresce a procura por vinhos de pequenos produtores, práticas de agricultura orgânica e rótulos certificados como sustentáveis ou biodinâmicos. O consumo consciente vem se fortalecendo tanto entre novos consumidores quanto entre os mais experientes.
A Vinícola Miolo, por exemplo, adota práticas sustentáveis no manejo dos vinhedos e conservação de recursos naturais. Outros produtores brasileiros, principalmente na Serra Gaúcha, no Vale dos Vinhedos e na Campanha Gaúcha, também reforçam a adoção de práticas ambientais responsáveis.
De acordo com um levantamento da Research and Markets, o mercado global de vinhos sustentáveis movimentou cerca de US$ 11,4 bilhões em 2023, com previsão de crescimento anual de 9% até 2030 .
Douglas Avillin | Sommelier de vinhos na Foster Wine